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Endividamento da população bate recorde no governo Bolsonaro

Endividamento da população bate recorde no governo Bolsonaro

06/05/2021
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Pesquisa mostra que percentual de endividados chegou a 67,5% da população em abril, refletindo a perda de renda dos trabalhadores durante a pandemia

 

Pandemia da Covid-19 sem controle, desemprego em alta e redução do auxílio emergencial escancaram ainda mais a desigualdade no país. O endividamento dos mais pobres bate recorde no governo Bolsonaro. Pesquisa divulgada nesta semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostra que o percentual de endividados chega a mais de 67,5% da população no mês de abril.

Esse é o nível mais alto da pesquisa, também registrado em agosto do ano passado. O resultado de abril significa a quinta alta mensal seguida, com 0,2 ponto percentual de crescimento em relação a março.

A sondagem mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o Ibre/FGV, também aponta para 22,3% da população com renda de até R$ 2.100 se dizendo endividada em abril. Desde o início da série histórica, em maio de 2009, esse patamar de endividamento da classe mais baixa só foi observado em junho de 2016.

Políticas desastrosas

O diretor Adjunto do Dieese, que é o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, atribui esses números de endividamento da população às políticas desastrosas do governo Bolsonaro.

José Silvestre destaca que o desemprego, valor irrisório do auxílio emergencial, alta nos preços dos alimentos e pandemia fora de controle contribuem ainda mais para o endividamento dos mais pobres sob Bolsonaro.

“Isso deve ser atribuído a esse governo, principalmente porque houve a redução do valor do auxílio emergencial. Nós ficamos praticamente sem o auxílio no primeiro quadrimestre de 2021, porque o auxílio só veio em abril, no valor de R$ 250”, afirma.

Segundo o diretor-adjunto do Dieese outro agravante é a inflação, que afeta principalmente as famílias de baixa renda por meio dos preços dos alimentos. “É uma combinação de fatores que remetem ao aumento da inadimplência das famílias”, afirma.

Salário rebaixado e atrasado

Trabalhador do comércio, Jailson Silva, de 45 anos, relata as dificuldades evidenciadas pela crise com o não recebimento de salário e contas atrasadas.

“Meu salário e a carga horária foram reduzidos em consequência da pandemia. Perdi um serviço autônomo e agora fica difícil para honrar todos os compromissos. Meu salário também está atrasado há dois meses, e a cesta básica há seis”, diz.

Ainda de acordo com o diretor adjunto do Dieese, para tentar aliviar as dívidas, as pessoas acabam recorrendo aos empréstimos bancários. José Silvestre diz que esse tipo de saída na verdade faz com que os trabalhadores entrem em uma bola de neve, uma vez que a recuperação da renda não está acontecendo.